. Voei
. Férias
. Estrutura monolítica das ...
. Perfumes
. "A nossa única riqueza é ...
"Não seria a vida mais do que uma tempestade
Que constantemente destruía aquilo que estivera ali apenas um momento antes
E deixava para trás qualquer coisa de estéril e irreconhecível?
Nunca tivera um pensamento destes antes."
in "Memórias de uma Gueixa" de Arthur Golden
Em criança, adorava esta música.
Chamava-lhe "a música do Gato Esteves".
Ainda hoje adoro, mas hoje já a entendo.
Na altura era só uma sonoridade agradável.
Talvez já soubesse que me iria dizer muito.
Quanto à minha ausência...
Depois falamos.
"It's not time to make a change
Just relax, take it easy
You're still young, that's you're fault
There's so much you have to know
Find a girl, settle down
If you want, you can marry
Look at me, I am old
But I'm happy
I was once like you're know
And I know that it's not easy
To be calm when you've found
Something going on
But take your time, think a lot
I think of everything you've got
For you will still be here tomorrow
But you're dreams may not
How can I try to explain
When I do he turns away again
And it's always been the same,
Same old story
From the moment I could talk
I was ordered to listen
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know, I have to go
It's not time to make a change
Just sit down and take it slowly
You're still young, that's you're fault
There's so much you have to go through
Find a girl, settle down
If you want, you can marry
Look ate me, I am old
But I'm happy
All the times, that I've cry
Keeping all the things I knew inside
It's hard, but It's harder
To ignore it
If they were right, I'd agree
But it's them they know, not me
Now there's a way and I know
That I have to go away
I know, I have to go."
"Father and Son" by Cat Stevens
Porque és tão burra?
Porquê?
Sou mesmo a burra de serviço...
E otária também.
Quem me mandou confiar que as pessoas têm princípios.
Realmente ainda vivo no Mundo do Pai Natal.
Na Utopia que não existe.
Só me apetece desaparecer daqui para fora.
Como diria um título de um livro:
"Se perguntarem por mim, digam que voei."
E que não volto mais,
Nunca mais.
Pelo menos a estas paragens.
"Começou a convencer-se de que o mundo não tinha significado nem propósito; existia simplesmente, com desprendimento, alheio ao espantoso sofrimento que as suas regras implacáveis ditavam.
Cada vida é uma tragédia imensa para quem a vive, mas cruelmente insignificante à escala do universo. Os seres vivos sofrem e o mundo mostra-se estranho a esse sentimento, encarando-o com indiferença, aceitando-o como fazendo parte da ordem natural das coisas, como se a dor fosse o motor da existência, a iniquidade o seu preço.
Cada desejo procura satisfação, cada obstáculo gera sofrimento. Mesmo a satisfação de um desejo apenas suscita felicidade temporária; logo a seguir vem um novo desejo, de novo travado por mais um obstáculo, o que significa que a existência é sempre luta, o sofrimento omnipresente, a felicidade efémera."
in "A vida num sopro" de José Rodrigues dos Santos
Após 2 meses, pelo menos, estou de volta.
Passou o estágio em Beja,
Passaram os exames na Faculdade,
Saíram as notas,
E acabei o 3º ano - o ano barreira.
Que mais podia querer neste aspecto?
Nada.
Tendo em conta toda a ansiedade adjacente,
Foram os melhores resultados.
De férias já cedo, sem pesos nas costas, sem mais preocupações académicas.
A Praia.
O Mar.
O Campo.
As Férias.
As merecidas férias.
E tudo o que com elas vem:
O calor,
O sol,
O bem-estar,
E todos aqueles assuntos,
Que durante tanto tempo não pensei.
E todos aqueles assuntos,
Que foram momentaneamente,
Deixados para trás,
Porque outras responsabilidades se tornam sempre mais importantes.
No domingo começam as minhas "jornadas" em Beja.
Um mês de estágio num hospital.
Um mês fora de casa, pela primeira vez.
Um mês sem os meus pais,
Um mês sem o conforto da minha casa,
Um mês sem o meu gato,
Um mês sem "os de sempre".
Um mês de mudança.
Um mês de novas experiências.
Um mês de estudos.
Um mês...
30 dias que parecem tanto,
30 dias que, no fim, certamente parecerão pouco.
30 dias que, sem qualquer dúvida, preciso
30 dias que preciso para mudar
30 dias que preciso para reflectir
30 dias que preciso para me pôr à prova.
Desejem-me sorte.
"Já sou quem tu queres que eu seja,
Tenho um emprego e uma vida normal.
Mas quando acordo e não sei
Quem eu sou, quem me tornei
Eu começo a bater mal.
O teu bem faz-me tão mal!
Já me enquadro na tua estrutura.
Não ofendo a tua moral.
Mas quando me impões o meu bem
Eu ainda me sinto aquém.
O teu bem faz-me tão mal!
O teu bem faz-me tão mal!
Sei que esperas que não desiluda,
Que por bem siga o teu ideal.
Mas não quero seguir ninguém
Por mais que me queiras bem.
O teu bem faz-me tão mal!
O teu bem faz-me tão mal!
Sei que me vais virar do avesso
Se eu te disser que foi em mim que apostei.
Não, não é nada que me rale
Mesmo que me faças mal.
Do avesso eu te direi:
O teu mal faz-me tão bem!"
in "Mal por Mal" do álbum Canção ao Lado de Deolinda
Tão certo.
Tão verdadeiro.
Para pensar.
Porque ao mesmo tempo:
"O teu bem faz-me tão mal" e "O teu mal faz-me tão bem".
"Vítima de tudo isto, Carlos tinha-se furtado a reparar nos detalhes do temperamento de Fernanda. A interpretação de uma beleza pessoal, que vivia como um desígnio divino, tinha gerado nela uma convicção de superioridade e, em consequência, uma perversão global da sua personalidade. Da mesma forma que os aduladores incutem o despotismo aos ditadores, os admiradores tinham incutido um egoísmo intransigente em Fernanda, e, habituada a isso, nada a fazia abdicar das suas opiniões.
Nascida sob o signo da Balança, do Zodíaco, o símbolo correspondia àquela mulher inflexível por uma escandalosa e decepcionante imprecisão da astrologia. A sua capacidade de ser justa só se manifestava quando esse comportamento não danificasse a estrutura monolítica das suas verdades. Administrava, com um rigor incrível, a sua escassa benevolência. Generosa apenas quando queria, podia ser cega e negar razões contundentes a um moribundo, se isso pusesse em causa as suas opiniões."
in "O Ano Em Que Devia Morrer" de Miguel Pinto
Como por vezes, um simples excerto de um livro,
Pode representar tão bem, tão perfeitamente,
Os pensamentos de uma pessoa comum.
Como por vezes, um simples excerto de um livro,
Pode representar tão bem, tão perfeitamente,
Pessoas que conhecemos.
Estranho não?!
Apesar de não ser minimamente
Um seguidor dos meus ideais políticos,
Ou eu dos dele, se quiserem,
Achei pertinente deixar aqui esta sua frase:
"Acredito numa coisa apenas:
o poder da vontade humana."
José Estaline
in "Os Filhos de Estaline" de Owen Matthews
Não quero mais esta vida.
Não quero mais este cansaço.
Não quero mais esta sensação de impotência.
Não quero mais esta sensação de azar que me persegue.
Não quero mais ser infeliz
Não quero mais viver assim
Não quero mais este ar, este aspecto
Não quero mais sentir-me estúpida, estupidificada, ignorante.
Não quero mais ser pisada, sem poder dizer nada
Não quero mais ter de ficar calada, para não sofrer consequências
Não quero mais não obter o que sempre quis
Não quero mais ter de ficar pelo caminho.
Não quero mais este ritmo
Não quero mais não ter férias
Não quero mais sentir-me no limite físico e psicológico.
Não quero mais esta faculdade.
Quero este curso.
Não quero esta faculdade.
Não quero as pessoas que a habitam.
Não quero sentir-me mais assim e saber que é por causa dessa instituição.
Não quero que me faça infeliz o que me devia fazer feliz.
CHEGA!
ESTOU FARTA!
CANSEI!
O que fazer?
Não sei.
Desistir? NUNCA!
Mas sem dúvida alguma coisa vai mudar.
Alguma coisa tem de mudar.
Quanto mais não seja o sítio.