. Perfumes
. "A nossa única riqueza é ...
Hoje estou deprimida.
Hoje resolvi escrever sobre as feridas e o tempo.
Não propriamente pelo meu estado de espírito, mas sim porque o livro que ando a ler tem uma passagem sobre este assunto. E porque adorei a metáfora que essa passagem contém.
Provavelmente, se não me sentisse chateada, (talvez deprimida não seja o melhor termo) não a transcreveria integrada neste contexto.
Diz-se sempre que as feridas saram com o tempo.
Que o tempo tudo cura.
Pode demorar mais ou menos. Mas cura.
Apesar do que se diz, há marcas que ficam para sempre gravdas na memória. Por mais que não se queira.
"Dizem que o tempo sara todas as feridas. Talvez seja verdade. Mas há feridas que parecem não sarar. Sangram, vertem pus, voltam a sangrar, surpreendem-nos a magoar a alma quando esta já deveria estar habituada e imune a tanta dor. É certo que, às vezes, essas feridas acalmam, como as marés que recolhem a água e recuam para o mar alto; mas, tal como as marés, regressam depois, revigoradas, pujantes, invadindo de novo a praia e fazendo sentir o fulgor da sua presença, o ímpeto do seu regresso."
in "A Ilha das Trevas" de José Rodrigues dos Santos