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Vou transcrever aqui algumas partes de um artigo de opinião com as quais muito me identifiquei.
"(...) Quando o mais afável, paciente, moderado e democrata Rei de Espanha lançou o "por qué no te callas?" é impossível não ter sentido uma considerável admiração. (...) Por ele, na estrita medida em que 'desconstruiu', em cinco palavritas, a imperturbável carreira de Chávez: (...) Junto dos outros Presidentes, Chávez fala como 'revolucionário'. Perto do povo - e das suas milícias - comporta-se como 'poderoso'.
(...)
A forma como uma certa esquerda - na Europa e sobretudo cá - lida com os seus ícones sul-americanos é desajeitada, para não dizer desastrosa. Para alguns marxistas tristes, a América do Sul é uma espécie de ilha de utopia.
(...)
(...) Mais espantoso é o mito Guevara. Che transformou-se num produto globalizado, diria mesmo dolcegabbanizado, e é uma espécie de 'santo laico' do século XX. Só há um óbice: no curto período em que mandou, Che revelou-se um leninista sem concessões, com lições tchekistas bem aprendidas. (...)
Por que é que uma certa esquerda é condescendente com um regime - o chavista - que prende opositores, fecha televisões, obriga os militares a jurar pelo socialismo, fornece kits marxistas a qualquer criança que vá à escola e apaga, passo a passo, os últimos vestígios do Estado de Direito?
O móbil destas cumplicidades é o anti-americanismo. Assim como há, no Ocidente, intelectuais de esquerda que 'justificam' os talibãs - e o terrorismo - porque preferem qualquer inimigo da América à América, também há quem 'explique' Chávez pelo simples facto de Chávez ser 'contra o império'.
A infantilização da questão imperial não é nova. (...) O império é o eterno inimigo: sejam os castelhanos sejam os ianques, no século XVI ou XXI, tanto dá. É propaganda da mais barata que há. (...)"
Paulo Portas in Revista Tabu nº 62, 17 de Novembro de 2007