. Velha?!
. "O povo é sereno! É apena...
. Perfumes
. "A nossa única riqueza é ...
Apesar de não ser minimamente
Um seguidor dos meus ideais políticos,
Ou eu dos dele, se quiserem,
Achei pertinente deixar aqui esta sua frase:
"Acredito numa coisa apenas:
o poder da vontade humana."
José Estaline
in "Os Filhos de Estaline" de Owen Matthews
Aqui há uns dias disseram-me que parecia uma velha.
Sim, uma velha.
Perguntei porquê.
Resposta: "Porque estás sempre a dizer que o país é uma vergonha."
Pois.
E eu pergunto: "É mentira?"
Não. Não é mentira.
"O país é uma vergonha" é a frase do desespero.
É a frase do "já não sei que possa dizer mais".
Certas pessoas só entendem quando lhes chega ao bolso.
Mas porquê?
Porque os puseram lá.
Mas quem?
Os políticos.
"Cada país tem o governo que merece".
"Quem bela cama faz, nela se deita".
Sabedoria popular aplicada à política.
E porque não?
Porque é o "povo" que os põe lá.
Porque o "povo" tem memória curta.
A semana passada Portugal entrou em pânico.
PR e PM estávam onde?
Ninguém os viu ou ouviu.
Talvez na Suíça a ver a Selecção.
E quem liga? Ninguém.
Desde que dêem regalias aos camionistas e diminuam 1% do Iva em Julho
Para "enganar o burro com a cenoura", tudo bem.
E já agora, velha. Não idosa.
Porque idosos e auxiliares de acção qualquer coisa são designações socialistas.
E mais não digo.
Hoje deixo apenas um pequeno texto.
Depois fica ao critério de cada um.
"Para curtir
Parafraseando os Gato Fedorento: «O fumo do tabaco é uma coisa extremamente horrível, não é? É. Portanto, devia ser proibido? Exacto. Mas eu poderia fumar? Podia. O que é que me acontecia? Nada. Mas estava a ir contra a lei? Estáva. E como é que a lei me punia? De maneira nenhuma. Mas isso é um bocadinho incoerente? Pssschiu!» Ou ainda: «Fumar num avião é proibido, mas pode-se fazer. O que é que acontece a certas pessoas que o fazem? Nada!».
A comédia da semana é um tributo ao impagável almirante Pinheiro de Azevedo: «O povo é sereno! É apenas fumaça!»."
in "A semana que passa" de Paulo Paixão, no Expresso de 17 de Maio de 2008
EXPLICAÇÃO RIGOROSA
"Esperar
o quê?
uma máquina
de transformar bananas
em governos?
uma porta
que só obedece ao sinal
do ombro respeitável?
o cão profissional
que morde à sexta-feira
a perna que contesta?
o dedo
a unha poluída
que aponta a única direcção?
esperar
o quê?
o riso explosivo
e quente
como um sexo de mulher
aberto em flor
a faca
a granada
o dia."
in "Novos Contos do Gin" de Mário-Henrique Leiria
Mais coisas intemporais? Dia das Mentiras?
Estranho mais uma vez?
Talvez não.
RIFÃO DE FERNÃO TANOEIRO
"Estou a lembrar-me agora
da história que me contava
um tio antigo
dizia ele nessa altura
olha sobrinho
meu amigo
entre a ratazana
e o cagalhão
há apenas
um intervalo sacana
é o primeiro-ministro
da nação
obrigado tio
está confirmada
a sua opinião"
in "Novos Contos do Gin" de Mário-Henrique Leiria
Estranho? Talvez não...
Vou transcrever aqui algumas partes de um artigo de opinião com as quais muito me identifiquei.
"(...) Quando o mais afável, paciente, moderado e democrata Rei de Espanha lançou o "por qué no te callas?" é impossível não ter sentido uma considerável admiração. (...) Por ele, na estrita medida em que 'desconstruiu', em cinco palavritas, a imperturbável carreira de Chávez: (...) Junto dos outros Presidentes, Chávez fala como 'revolucionário'. Perto do povo - e das suas milícias - comporta-se como 'poderoso'.
(...)
A forma como uma certa esquerda - na Europa e sobretudo cá - lida com os seus ícones sul-americanos é desajeitada, para não dizer desastrosa. Para alguns marxistas tristes, a América do Sul é uma espécie de ilha de utopia.
(...)
(...) Mais espantoso é o mito Guevara. Che transformou-se num produto globalizado, diria mesmo dolcegabbanizado, e é uma espécie de 'santo laico' do século XX. Só há um óbice: no curto período em que mandou, Che revelou-se um leninista sem concessões, com lições tchekistas bem aprendidas. (...)
Por que é que uma certa esquerda é condescendente com um regime - o chavista - que prende opositores, fecha televisões, obriga os militares a jurar pelo socialismo, fornece kits marxistas a qualquer criança que vá à escola e apaga, passo a passo, os últimos vestígios do Estado de Direito?
O móbil destas cumplicidades é o anti-americanismo. Assim como há, no Ocidente, intelectuais de esquerda que 'justificam' os talibãs - e o terrorismo - porque preferem qualquer inimigo da América à América, também há quem 'explique' Chávez pelo simples facto de Chávez ser 'contra o império'.
A infantilização da questão imperial não é nova. (...) O império é o eterno inimigo: sejam os castelhanos sejam os ianques, no século XVI ou XXI, tanto dá. É propaganda da mais barata que há. (...)"
Paulo Portas in Revista Tabu nº 62, 17 de Novembro de 2007