. A Lua
. Perfumes
. "A nossa única riqueza é ...
Não quero mais esta vida.
Não quero mais este cansaço.
Não quero mais esta sensação de impotência.
Não quero mais esta sensação de azar que me persegue.
Não quero mais ser infeliz
Não quero mais viver assim
Não quero mais este ar, este aspecto
Não quero mais sentir-me estúpida, estupidificada, ignorante.
Não quero mais ser pisada, sem poder dizer nada
Não quero mais ter de ficar calada, para não sofrer consequências
Não quero mais não obter o que sempre quis
Não quero mais ter de ficar pelo caminho.
Não quero mais este ritmo
Não quero mais não ter férias
Não quero mais sentir-me no limite físico e psicológico.
Não quero mais esta faculdade.
Quero este curso.
Não quero esta faculdade.
Não quero as pessoas que a habitam.
Não quero sentir-me mais assim e saber que é por causa dessa instituição.
Não quero que me faça infeliz o que me devia fazer feliz.
CHEGA!
ESTOU FARTA!
CANSEI!
O que fazer?
Não sei.
Desistir? NUNCA!
Mas sem dúvida alguma coisa vai mudar.
Alguma coisa tem de mudar.
Quanto mais não seja o sítio.
Por vezes, as palavras escritas por outros descrevem tudo o que sentimos.
Tudo aquilo que poderíamos descrever.
E por isso...
"É única no Mundo! Fui eu que a imaginei.
Quando quero pensar, coloco-a em posição de quarto crescente e, quando estou triste, rodo-a para quarto minguante e sento-me até que a tristeza passe."
in "A Lua de Joana" de Maria Teresa Maia Gonzalez
Este sentimento que me inunda e que não sei o que é.
Desespero?
Ânsia?
Medo?
Tristeza?
Não sei especificar o que é, e por isso aqui deixo outro poema.
"Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.
Seja lá o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó."
Fernando Pessoa in Poesias Inéditas (1919-1935)